segunda-feira, 13 de junho de 2011

SAMU - 192 Só pertinho?

Saindo para trabalhar no dia de hoje, por volta das 6:30hs, deparo-me, no bairro de Benfica, com uma cena preocupante. Um homem, com no máximo 30 anos (presumo que até menos) estava deitado no chão. Parecia vestir-se como roqueiro. Estavam, ao lado dele, uma jovem senhora e um menino que devia ter uns 10 anos. O homem estava desacordado e sangrava pelo nariz. A senhora e o menino tentavam prestar-lhe socorro. Pessoas passavam apressadas. Olhavam e seguiam adiante. Um gari continuava seu serviço. Ao passar, vendo aquela situação, como espírita cristão, parei. Perguntei a senhora o que havia acontecido. Ela não dizia nada, mas tinha no rosto a expressão da angústia. A criança estava abaixada, quase rosto a rosto com o homem caído, tentando falar-lhe, reanimar-lhe. Meu celular estava sem crédito. Seria gratuita a ligação? Sinceramente, não sabia na hora.
            Pois bem! Voltei para casa, a fim de efetuar a ligação do meu telefone fixo para o SAMU, ali por volta das 6:35hs. Eis que, para meu espanto, a primeira atendente que, infelizmente não identifiquei, perguntou-me se eu estava ao lado do paciente. Informei-lhe que não, que tivera que voltar para casa a fim de efetuar a chamada, ao que ela respondeu que, dessa maneira, não poderia abrir a ocorrência. Ao tentar retrucar-lhe a impossibilidade, ela desligou sumariamente.  Tornei a ligar e, em primeiro lugar, perguntei com quem falava. O atendente informou-me seu nome e perguntou-me o meu, ao que lhe informei. Expliquei-lhe a ocorrência e ele, também, indagou-me se eu me encontrava próximo ao paciente. Disse-lhe que não e perguntei porque de semelhante pergunta (já me irritando), uma vez que a atendente anterior desligara o telefone ao ser questionada. Segundo ele, estar próximo do paciente seria necessário porque em momentos eu falaria com um médico que, pelo que entendi, me faria perguntas a respeito da situação do paciente. Informei-lhe da impossibilidade material, pela distância e pelo fato de estar falando de um telefone fixo.  Ele disse que não poderia ajudar, que aquilo se tratava de um protocolo.
            No Corpo de Bombeiros do Largo de Benfica, chamei um deles e informei-lhe da necessidade de atendimento e ele disse que já sabia e que já estava sendo encaminhada uma ambulância de Vila Isabel para o caso. Disse-lhe que havia tentado ligar para o SAMU de casa, mas que eles diziam só poder enviar ambulância caso estivesse ao lado do paciente, ao que ele balançou a cabeça negativamente.
            Bem, deixa ver se eu entendi: se alguém passar mal e desacordar e, por acaso, alguém que passe sem celular resolva pedir ajuda, fazendo a ligação da casa de alguém para o SAMU este não irá prestar o atendimento porque quem faz a ligação não está ao lado do paciente? O segundo atendente falou-me que poderia ser de um orelhão. Ora! É tão fácil assim encontrar um orelhão que funcione em Benfica... O mais próximo, naquele momento, era do outro lado da rua (A Av. Dom Hélder Câmara tem duas faixas) e nem sempre funciona. Os mais garantidos de funcionarem encontravam-se numa praça, de onde dificilmente eu conseguiria ver o paciente... Quem der o azar de passar mal ou sofrer algum acidente distante de um orelhão ou tiver a infelicidade de ser atendido por alguém sem celular mas que tenha boa vontade de procurar pedir que alguém de residência próxima faça a ligação para o SAMU, correrá o risco de morte?           

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