quarta-feira, 25 de dezembro de 2013

Entrevista do Prefeito Eduardo Paes ao Jornal O Dia de 25/12/2013




Conversa de comadres a entrevista do Prefeito Eduardo Paes ao Jornal O Dia, parceiro de todas as horas.

1 - O Prefeito ADMITE ERROS. Diz que os problemas das enchentes continuarão em 2014. Será que ele falaria isso ANO PASSADO, antes das eleições municipais? O que parece um ato de humildade - assumir culpa - pode ser lido de forma completamente oposta: pode tratar-se de um ato arrogante. Não recuso que ele fique incomodado com os erros, como ele apontou. Mas pode parecer, também, que nos diz algo como: "Está ruim, admito! Mas vai ser assim, não tem jeito! Não há o que fazer. Precisam ter paciência", como a sugerir-nos uma espécie de INEVITABILIDADE DOS PROBLEMAS. E se esses problemas forem ocasionados por falta de planejamento político/planejamento equivocado, como parecem ser? Uma empresa de saúde (RIOSAÚDE) foi criada em Maio através de um Projeto de Lei e as mentes pensantes da Prefeitura - cuja cabeça é o Prefeito - não sabem, exatamente, como ela vai operar. Tanto que quiseram contratar empresa para prestar consultoria... Essa possibilidade se manifesta na segunda pergunta quando diz que "tivemos um monte de problemas de projeto de ligação", ao referir-se às obras contra as enchentes. E alguém lembra do Asfalto Liso, que foi feito a toque de caixa entre o final de 2011 (ano de véspera de eleições) e 2012 (ano eleitoral)? (ver: http://oglobo.globo.com/rio/um-ano-depois-de-concluido-asfalto-liso-ja-esta-cheio-de-buracos-11138655 ) E o BRT inaugurado ano passado que apresentou problemas onde mesmo o funcionário da Sanerio (empresa responsável pela construção) disse que foi apressada? (ver: http://observatoriopolitica.blogspot.com.br/2013/01/o-brt-faz-alegria-de-quem.html ).

2 - A conversinha camarada serviu, também, para "esquentar" mais o nome do vice-governador Luiz Fernando Pezão. Do contrário... Qual seria a motivação da entrevista NESTE MOMENTO? Das perguntas, 7 trataram dos problemas relacionados às enchentes; 7 relacionadas a um evento que ocorrerá em OUTUBRO de 2014, as eleições para governador. Serviu para tentar "contagiar" a confiança de Eduardo Paes - que tem índices de aprovação melhores que o Sérgio Cabral, ainda que tenha caído também - nos potenciais eleitores. Serviu para PRESSIONAR O PT. E aqui - acho que pela primeira vez - CONCORDO COM EDUARDO PAES e faço minhas suas palavras: "Maluquice será o PT falar mal do PMDB, porque eles participaram do governo durante sete anos (...) Vai soar hipócrita fazer críticas." O PT está VISCERALMENTE ligado às políticas do PMDB do Rio de Janeiro, portanto a TODOS OS ERROS cometidos pelas gestões estaduais e municipais. 

3 - 5 (cinco) PERGUNTAS tem a ver com as formas como os políticos estão sendo vistos, muito pautadas pelas jornadas de manifestações de Junho de 2013. O que ele diz ter aprendido dos protestos? "Que é preciso abrir ainda mais o diálogo com a população". NA MESMA RESPOSTA, diz que famílias ficaram com a casa marcada para ser demolida no Morro da Providência sem saber para onde iam. Mas... Elas foram consultadas se queriam sair de lá? Basta, então, para ele, comunicar para onde elas vão? Não há o diálogo com a sociedade, com os moradores da região, a fim de serem discutidos os projetos para aquela área? Atenderiam, então, aos interesses de quem estes projetos? Da população que será removida? Da empresa que se beneficiará da obra? Dos políticos que vão tirar fotos em sua inauguração? Quando ele diz "mais diálogo" será que é como aquele estabelecido entre o pessoal do "Favela + Limpa" do Morro Pavão-Pavãozinho e o Arquiteto Mário Sá, da Secretaria Municipal de Obras? (Ver: http://paneladepressao.meurio.org.br/campaigns/395 ).

4 - Momentinho comadre quando brinca com os jornalistas dizendo que, na viagem que fez à Portugal, tinha gente fotografando para mandar para o Fernando Molica, do Jornal O Dia (e um dos entrevistadores), como a dizer "Olha por onde ele anda...". Tenho a sensação que este jornalista que, junto com o cartunista Aroeira, era um crítico mais duro da administração de Eduardo Paes, amenizou ultimamente o peso de sua mão contra o Prefeito. Mas gostaria de ler opiniões de outras pessoas que o acompanham nas páginas do jornal para saber se estou sendo rigoroso demais.

5 - Na antepenúltima pergunta que fizeram, sobre o recolhimento de pessoas em situação de rua, mostra desconforto com a postura fiscalizadora do Ministério Público (quando ele funciona e o critica por isso), bem como com os defensores dos Direitos Humanos. Não é de se surpreender que se incomode com isso, vide suas políticas de remoções, a forma como os profissionais da educação foram tratados na greve deste ano, etc.

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